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quarta-feira, 10 de abril de 2019

Antônio Matos presenteia Bahia com “Os heróis de 59 estão de volta”

Em um livro do jornalista Antônio Matos, a Bahia ganhou uma bela narrativa de uma das conquistas esportivas mais importantes e simbólicas do Estado, o primeiro Campeonato de Futebol entre representantes de todo o País.

A Bahia ganhou “Os heróis de 59 estão de volta”. 
Por Miguel Brusell com informações de Manuela Matos/Blog do Brown
* Manuela Matos, jornalista, é filha e fã do autor
Fotos: Gabriela Simões

Além da importância da I Taça Brasil, a conquista teve seus méritos ampliados porque o triunfo foi contra o poderoso Santos de Pelé, Coutinho e Pepe. Um dos times de futebol mais vitoriosos da história do esporte. E o time do Bahia derrotou o Santos, por 3 x 1, na partida final, realizada no Maracanã, em 29 de março – mesmo dia do aniversário da cidade de Salvador-, no ano de 1960. Entraram em campo Nadinho; Beto, Henrique, Flávio e Vicente; Nenzinho,  Léo, Mário; Marito, Alencar e Biriba.

Através de uma exaustiva pesquisa e agora transformada em livro, o jornalista Antônio Matos conta, com riquíssimos detalhes, a história da importante conquista do Bahia: a I Taça Brasil. Com 287 páginas de um leve texto e inúmeras fotografias, muitas delas inéditas – como a do time do Bahia, na estreia da competição, em 23 de agosto de 1959, no Mutange, em Maceió, contra o CSA – o livro ‘Heróis de 59’, que narra a história da épica conquista.

O time campeão de 1959. Foto de autor desconhecido.
Prefaciada pelo advogado trabalhista e ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Roberto Pessoa e posfácio do jornalista Eliezer Varjão, ex-chefe de Reportagem de ‘A Tarde’, a obra, com selo da Solisluna, é dividida em cinco partes.

Vai desde a ideia de se criar a competição – que iria apontar o representante brasileiro na Copa dos Campeões da América, atual Copa Libertadores – à formatação do elenco do Bahia para dela participar, ao carnaval em Salvador, em pleno abril, festejando a chegada da delegação tricolor à cidade, e a carreata iniciada no então aeroporto 2 de Julho e encerrada na Praça Municipal. Estão ainda presentes a repercussão da mídia esportiva do Sudeste, diante do primeiro título nacional de futebol ter sido ganho por um time nordestino, e a festa das faixas na velha Fonte Nova, num jogo contra o Náutico.

Coloque o mouse sobre a foto e confira o Slide Show:
Antônio Matos presenteia Bahia com “Os heróis de 59 estão de volta”. Fotos: Gabriela Simões

Os perfis dos jogadores e técnicos do Bahia, que integraram aquela memorável campanha, também não foram esquecidos, assim como a estatística completa da I Taça Brasil, com os resultados de todas as partidas. “Esta publicação é uma homenagem aos 59 anos do primeiro título de caráter nacional ganho pelo Bahia e festejados em 29 de março último, dia do jogo final contra o Santos, no Maracanã, em 1960", explicou Matos, lembrando que a data também coincide com o aniversário da cidade de Salvador.

Ele sempre pensou em escrever alguma coisa sobre o tema, mas o que deflagrou mesmo o projeto foi a leitura de 'Bahia Esporte Clube da Felicidade', do jornalista baiano Nestor Mendes Jr, e que reservou um capítulo do livro para a participação do Bahia na I Taça Brasil, e de 'Dossiê - Unificação dos títulos brasileiros a partir de 1959', dos paulistas Odir Cunha e José Carlos Peres. "Aí, senti que era chegado o momento de registrar esta importante jornada do Bahia", observou.

“Entre a decisão de escrever, o início das pesquisas, até a publicação do livro, lá se vão uns seis anos”, recordou o autor, que disse também ter se preocupado em resgatar, com súmulas e “nos mínimos detalhes”, os 14 jogos realizados pelo Bahia: dois com o CSA, três (e mais uma prorrogação) diante do Ceará Sporting, três frente ao Sport, três contra o Vasco da Gama e mais três com o Santos.

Embora ypiranguense, Antônio Matos, 71 anos, confessa ter se encantado com aquele time do Bahia de 1959, que tinha craques como Vicente, Flávio, Marito e Mário, “além de contar com o excelente goleiro Nadinho e grandes artilheiros, como Léo e Alencar”, complementou.

Súmula do jogo final
Bahia 3 x 1 Santos
Dia: 29 de março de 1960, terça-feira
Local: Rio de Janeiro
Estádio: Maracanã
Renda: Cr$ 642.703,00
Público: 17.330 pagantes
Juiz: Frederico Lopes, da Federação Metropolitana de Futebol
Auxiliares: Wilson Lopes de Souza e Aírton Vieira de Moraes, o ‘Sansão’, ambos da Federação Metropolitana de Futebol
Goleadores: Coutinho, aos 27’, para o Santos, e Vicente, aos 37’, para o Bahia, no primeiro tempo, e Léo, a 1’, e Alencar, aos 31’, do segundo tempo, para o Bahia.
TIMES
Bahia: Nadinho, Beto, Henrique, Vicente e Nenzinho. Flávio e Mário. Marito, Alencar, Léo e Biriba.
Santos: Lalá, Getúlio, Mauro, Formiga e Zé Carlos. Zito e Mário Cacareco. Dorval, Pagão [Tite], Coutinho e Pepe.

Uma surpresa na caixinha
                                        
Num dos capítulos do livro, o autor ironiza, num pequeno artigo, a mídia esportiva do Sudeste, que menospreza o futebol do Bahia, à medida em que o time se encorpava e chegava à decisão, após eliminar o Vasco da Gama, nas semifinais da competição: “O futebol é uma caixinha de surpresa”.  A frase, hoje desgastada pelo uso indiscriminado, é lapidar, para justificar aszebras que insistem em pastar por gramados nos mais diversos locais do planeta.

O autor desta máxima, que admite o inesperado nos jogos de futebol, é o renomado radialista e jornalista Benjamim Wright, pai do ex-árbitro José Roberto Wright e falecido aos 80 anos, em 4 de março de 2000. Com atuações brilhantes nas rádios Nacional, Continental e Globo e contemporâneo de ícones da imprensa esportiva nacional, como Doalcei Camargo, Luiz Alberto, Jorge Cury e Afonso Soares, Wright não acreditou na marcante frase que cunhou, ao analisar o desfecho da I Taça Brasil.

Em seus comentários, fazendo coro ao colunista Vargas Neto, do ‘Jornal dos Sports’, e ao radialista Mário Vianna, antigo juiz de futebol, desqualificou o futebol do Bahia. Reiteradamente e até com alguma contundência, afirmara, logo após o Bahia eliminar o Vasco da Gama e o Santos ultrapassar o Grêmio, no final de novembro de 1959, na fase semifinal da competição, que os baianos praticamente não teriam chances de vencer Pelé & Cia.

Disposto a refutar as sombrias previsões de Wright e, contraditoriamente, receptivo a sua notável máxima, o Bahia não tomou conhecimento do famoso Santos, derrotando-o, por duas vezes e sem contestação nas finais do campeonato, e conquistando tão cobiçado título. 

A caixinha do futebol surpreendeu até o seu criador.



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