Já
não é novidade para ninguém que a briga política dentro do Bahia tem piorado
cada vez mais a situação do clube. Mas, muitos não imaginavam que toda essa
"guerra" pelo poder começou lá atrás, ainda antes da intervenção.
Foto:
Gabriela Simões
Em
entrevista à Equipe dos Galáticos, na noite desta segunda-feira (28), o
ex-conselheiro do Tricolor, César Oliveira, fez revelações e contou detalhes
minuciosos da chegada de Fernando Schimdt, Sidônio Palmeira e Valton Pessoa ao
comando do clube. Advogado e também ex-diretor jurídico do Esquadrão, Oliveira
participou da articulação pela derrubada de Marcelo Guimarães Filho, mas se
disse surpreendido com o "golpe" da atual direção para chegar ao
clube.
Ele
começou sua entrevista explicando como se deu o processo de intervenção.
"Essa intervenção que está aí já havia sido acertada seis meses antes do
início, com desembargadores e o governo também. Eu e outros tricolores, como
Ricardo Maracajá e Rui Cordeiro, já havíamos articulado tudo e decidimos que o
interventor seria Rui Cordeiro. O desembargador Mario convenceu o desembargador
Josivaldo a deferir a intervenção, e ela saiu por isso. Mas, na hora, Rui
Cordeiro disse estranhamente que não tinha condições físicas de ser o
interventor. Depois, ele se candidatou na eleição. Não entendi esse
posicionamento de Rui. Seis meses antes já tínhamos tudo acertado com
desembargadores e sabíamos que a intervenção ia sair. Carlos Ratiz foi colocado
na intervenção pela desistência de Rui Cordeiro", disse.
Porém,
segundo César Oliveira, ao assumir o Bahia, Ratiz preparou o terreno para a
chegada de Sidônio. "O que houve foi um golpe dentro do golpe. Nossa
intervenção sofreu um golpe, quando a ela foi entregue nas mãos de Sidônio, que
dizia que estava ali representando o Governador Jaques Wagner, ele falava
sempre em nome do Governador. Nós sabemos o peso da palavra governador. Ele
impressionou muita gente quando disse que o governador estava envolvido e
concordando com tudo. Ele criou na mídia um consenso em torno de uma
democratização, sobre comando único dele".
O
ex-conselheiro ainda revelou ter participado de uma reunião na residência de
Pablo Ramos, atual diretor de negócios do Tricolor, onde se decepcionou com os
rumos tomados e abandonou o projeto. “Eu fui para uma reunião na casa de um
empresário chamado Pablo, que me falaram que ele era primo de Ratiz. Lá
discutimos algumas coisas e ele disse que tudo precisaria passar pelo aval de
Sidônio, ele falou o tempo todo em Sidônio. Eu me surpreendi, porque fiz
oposição no Bahia e conheço quem lutou pelo clube, quem fez oposição, como Jorge
Maia. Sidônio nunca participou de nenhuma luta no Bahia, conheço ele como um
grande publicitário, da área de marketing. Ali, naquele momento, eu me retirei
desse processo que resultou na eleição de Schimdt".
Indignado
e afirmando ter previsto que o Bahia chegasse à crise que passa hoje, Oliveira
fez duras acusação ao interventor e também advogado Carlos Ratiz. "Esse
cidadão chamado Ratiz entregou a gestão da intervenção nas mãos desse grupo que
está aí hoje. E soube que ele vai ser candidato a deputado federal. Vocês vão
ver quem é esse Ratiz, que foi parar na intervenção justamente para articular a
entrada desse grupo que está ai e faz uma ditadura branca, onde só tem voz
Sidônio e Valton é um coadjuvante. Sidônio quer fazer tudo, contratar, dar as
ordem. Ele é bom na área de marketing, respeito ele, mas de futebol ele não
entende nada, nem ele nem Valton, que sejamos justos é um grande advogado. O
juiz não autorizou uma intervenção para que fosse feita uma eleição da forma
que foi feita. Se colocou o número de sócios que eles queriam, vieram com a
chapa montada e prepararam tudo para que Schimdt, que conheço de muito tempo e
é um homem bom, assumisse e Sidônio mandasse".
Apesar
de hoje se posicionar como oposição a atual diretoria do clube, o
ex-conselheiro também fez críticas ao ex-presidente Marcelo Guimarães Filho, a
quem disse não possuir nenhuma relação. "Não tenho nenhuma aproximação de
Marcelo Guimarães Filho e nem do pai dele. Inclusive processei Marcelo pai e
ele me processou também. E acho que Marcelinho não fez um bom trabalho no
Bahia. Lutei pela intervenção, porque ela foi justa. Ele e o pai tiraram
dezenas de pessoas do bem, tricolores de verdade do conselho. Gente que sempre
lutou pelo clube, mas por se posicionar contra eles, foram expulsos de formar
injusta".
César,
apesar de toda revolta, ainda mostrou esperança na "salvação" do
Esquadrão, mas afirmou que isso só será possível com uma condição. "Hoje,
a união só é possível com o afastamento dessas pessoas que estão aí. Sidônio
conseguiu afastar todos que lutaram e poderiam estar ajudando hoje o Bahia,
tricolores de verdade. Temos que nos unir, mas o Bahia hoje passa pela saída de
Sidônio".
Para
concluir, o ex-diretor do clube comentou sobre a eleição para a escolha do
substituto de Schimdt, em dezembro, e criticou o que classificou como
"briga político-partidária" dentro do processo. "A leitura que
eu faço hoje é que a eleição do Bahia vai estar condicionada a quem vencer a eleição
do governo, infelizmente. Encontrei com o prefeito (ACM Neto) no Tribunal de
Justiça, conversei isso com ele. Ele concordou comigo e se mostrou contrário a
essa divisão político-partidária. Isso tudo é culpa de Ratiz, que utilizou a
intervenção como trampolim político, armou para a chegada de Sidônio, que se o
tempo todo quis dar a entender que estava ali com o aval e em nome do
governador Jaques Wagner e se preocupou apenas em aparecer. Lutamos por essa
intervenção e éramos hoje para ser uma família. Infelizmente, o grupo está
rachado. Agora vai ser assim, ou o PT, ou o DEM no clube. Isso não é bom para o
Bahia", encerrou.
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