O
Esporte Clube Bahia, através do seu Gerente de Comunicação Nelson Barros Neto,
divulgou nota sobre eleição da CBF e um artigo do presidente Fernando Schmidt no
Jornal A Folha de São Paulo.
Foto: Gabriela Simões
"O
Bahia foi o último clube a confirmar presença na eleição da CBF, ocorrida nesta
quarta-feira, no Rio. O presidente Fernando Schmidt não compareceu ao pleito, e
a agremiação foi representada pelo sub, Valton Pessoa.
Schmidt
comentou a votação, que elegeu Marco Polo Del Nero, candidato único:
"Lamentamos
a ausência de um amplo debate neste processo, devido ao fato de a eleição ter
sido antecipada. Nossa expectativa é de que haja um efetivo compromisso do
presidente eleito com os novos paradigmas do futebol brasileiros, no sentido de
garantir a democracia, a transparência e o profissionalismo nas
entidades", afirmou.
Texto
Também
hoje, o presidente do Bahia publicou artigo na página 3 do jornal Folha de São Paulo,
cujo conteúdo pode ser conferido no link:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/161600-choque-de-responsabilidade-no-futebol.shtml
e
abaixo:
Choque
de responsabilidade no futebol
---É
preciso acabar com a lei não escrita, mas consentida segundo a qual é permitido
fazer negociatas, porque clubes ou federações não têm dono---
Ainda
que a natureza dos clubes e das federações no Brasil, inclusive a CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), seja de direito privado, o futebol é um
esporte que, invariavelmente, envolve recursos públicos, por meio de patrocínio,
financiamento ou mesmo pela relação tributária.
Quando
um clube deixa de pagar o INSS e o FGTS e sonega o Imposto de Renda, está
cometendo crimes que afetam não só o governo, mas, diretamente, o interesse
público.
Na
Espanha, 36 clubes estão em regime de concordata. No Brasil, poucos são os que
não estão falidos. As receitas aumentaram, é verdade, mas o endividamento subiu
74% nos últimos cinco anos.
Fui
presidente do Esporte Clube Bahia entre 1975 e 1979 e, em setembro de 2013,
vencemos a primeira eleição direta e democrática da história do bicampeão
brasileiro, com 68% de quase 5.000 votos.
Encontrei
nesse retorno um cenário de terra arrasada. A dívida do Bahia é de mais de R$
100 milhões. Os contratos, em sua totalidade, são quase todos lesivos:
negociatas e dívidas de um grupo que se apossou de um patrimônio que, longe de
ser privado, é público.
São
dois períodos distintos da história do Brasil: um, sob as nuvens carregadas da
ditadura e os efeitos econômicos do "milagre". Outro, em plena
democracia, mas com a economia sufocada pela pior crise do capitalismo mundial
desde 1929.
Nesse
intervalo, nossa receita cresceu para a casa dos milhões, porém a dívida do
clube virou um monstro devorador que nos espreita a cada fim de mês, quando
temos que pagar despesas e salários, dívidas trabalhistas, impostos sonegados
em anos e anos de gestões temerárias, conduzidas por dirigentes encobertos pelo
manto eterno da impunidade.
Nos
anos 1970, não tínhamos os direitos da TV, os uniformes não ostentavam uma sopa
de logomarcas nem possuíamos arenas multiuso. Vivíamos do borderô dos jogos e
de uma ou outra "vaquinha" entre os chamados abnegados.
Hoje,
os clubes brasileiros vivem da ilusão. Contratam jogadores e treinadores por
cifras milionárias, mas se "esquecem" das obrigações.
Por
isso, defendemos a fiscalização pública sobre os clubes, para que essa dívida
financeira, que a cada dia se agiganta, não empobreça ainda mais o futebol.
Apoiamos
totalmente o movimento Bom Senso Futebol Clube, mas vamos além. É preciso que a
má gestão seja punida e os maus administradores responsabilizados, acabando com
a lei não escrita, mas consentida segundo a qual é permitido fazer negócios e
negociatas, porque os clubes ou as federações não têm dono, é coisa de ninguém.
Fechamos
questão, portanto, com o substitutivo apresentado pelo deputado federal Otávio
Leite (PSDB-RJ) que institui a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte,
obrigando os clubes a apresentarem certidão negativa de débitos sob risco de
rebaixamento, responsabilizando pessoalmente os dirigentes e proibindo o
aumento das dívidas, sem perdão nem anistia fiscal.
O
maior legado desta Copa do Mundo não é só de engenharia, mas, sobretudo, de
mentalidade: o chamado padrão Fifa deve nos deixar como herança a obrigação de
instituirmos uma nova ordem para o futebol brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário